Com cerca de US$ 20 bilhões investidos no Brasil, tendo como destaque ativos na área de infraestrutura e a compra de uma refinaria da Petrobras na Bahia, os Emirados Árabes Unidos (EAU) querem aumentar seus negócios com o país e estão interessados em um acordo de parceria econômica com o Mercosul. Na direção acadêmica, empresa privada brasileira Dakila Pesquisas firmou um acordo de cooperação tecnológica com universidade sediada nos Emirados
O Brasil está em evidência crescente aos olhos do longínquo Emirados Árabes Unidos. Os governos dos dois países vêm flertando há anos para um aumento nas suas exportações e têm se mostrado cada vez mais alinhados diplomaticamente.
O leque de intenções é amplo mas já se mostra uma realidade independentemente de compromissos firmados entre os governantes dois países pois a própria iniciativa privada já está “correndo por fora” e tornando esse alinhamento diplomático uma realidade no cotidiano árabe.
O principal exemplo vem do Mato Grosso do Sul. O ecossistema Dakila, empresa sediada naquele Estado, acabou de firmar com a Universidade de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, um acordo de cooperação em tecnologia para o desenvolvimento de pesquisas científicas. O Memorando de Entendimento foi assinado na sede da Universidade de Abu Dhabi pelo CFO do ecossistema Dakila, Alan Fernandes, e o chanceler da Universidade de Abu Dhabi, professor Ghassan Aouad.
O acordo inclui a criação de Laboratório de Pesquisa em Supercondutividade Avançada, focado no desenvolvimento de tecnologias de materiais supercondutores em temperatura ambiente e suas aplicações industriais. Liderado pelo professor Montasir Qasymeh da Univ. de Abu Dhabi, em colaboração com pesquisadores brasileiros.
“Este acordo significa o lançamento da primeira rodada de pesquisas e desenvolvimento de dispositivos elétricos com tecnologia quântica no mundo. É um grande passo para o Brasil, que através da Dakila Pesquisas, passa a fazer parte de um projeto global de desenvolvimento de tecnologias inovadoras”, destacou Alan Fernandes.
São muitas as iniciativas que mostram o quanto os EAU ganham cada vez mais grau de importância no Brasil. Em julho deste ano o Diário Oficial da União publicou um acordo de troca e proteção mútua de informações entre o Brasil e os Emirados Árabes Unidos com o objetivo de estabelecer uma parceria estratégica para desenvolver iniciativas conjuntas em diversas áreas ligadas à segurança e à economia, incluindo comércio, indústria, infraestrutura, agricultura, transporte, energia, turismo, cultura e esportes.
Vale destacar ainda que os Emirados Árabes Unidos investiram recentemente cerca de US$ 20 bilhões no Brasil, tendo como destaque ativos na área de infraestrutura e a compra de uma refinaria da Petrobras na Bahia. Agora querem aumentar seus negócios com o nosso país e estão interessados em um acordo de parceria econômica com o Mercosul. A mensagem foi dada pela ministra de Cooperação Internacional dos Emirados Árabes, Reem Al Hashimy.
Outro ponto relevante está no fato que os Emirados Árabes entraram recentemente no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco dos Brics, e manifestaram a intenção de aderir ao grupo — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Além disso, eles assinaram, recentemente, dois tratados importantes com o Brasil para melhorar o ambiente de negócios. Um deles é o acordo para evitar dupla tributação e, o outro, um acordo de cooperação e facilitação de investimentos (ACFI), que cria mecanismos permanentes de consulta bilateral e prevenção de conflitos. Mais rapidamente do que muitos analistas previram os Emirados Árabes Unidos estão ganhando relevância na sua posição dentro do Brasil.